Cardiopatia congênita: doença atinge um a cada cem nascidos no Brasil

  • 11/06/2024

País celebra dia de conscientização da cardiopatia congênita nesta quarta-feira, 12; confira detalhes sobre doença e testemunho de família que a enfrenta

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: takasuu

Uma condição que atinge milhares de crianças em todo o Brasil, mobilizando suas famílias em torno dos cuidados com a saúde. Trata-se da cardiopatia congênita, cujo dia nacional de conscientização será celebrado no Brasil nesta quarta-feira, 12.

Pediatra e cardiologista infantil Rafaella Gato / Foto: Arquivo pessoal

Segundo a pediatra e cardiologista infantil Rafaella Gato, “cardiopatia congênita” é um termo que se refere às doenças que afetam o coração e estruturas relacionadas presentes no nascimento. “Pode haver uma má formação estrutural do órgão, como comunicações internas (ou ausências delas), além de alterações nas válvulas cardíacas e ausência do desenvolvimento de cavidades ou vasos (veias e artérias)”, explica.

Essas doenças podem ter origem genética, infecciosa ou até mesmo aleatória, durante as primeiras semanas no ventre materno. Contudo, alguns casos podem estar relacionados a doenças adquiridas pela mãe nesta fase, como doenças virais como a rubéola e até diabetes gestacional.

A médica aponta ainda alguns fatores de risco que podem contribuir com o surgimento de cardiopatias congênitas: idade da mãe, histórico familiar, tabagismo e uso de algumas medicações teratogênicas estão associados à ocorrência da doença, em sua maioria associada a síndromes de anomalias múltiplas.

Um a cada cem nascidos apresenta cardiopatia congênita

Por ano, cerca de 30 mil crianças nascem com alguma cardiopatia, segundo dados do Ministério da Saúde – o índice é de um a cada 100 nascidos. “É muito mais frequente do que a população em geral pode imaginar”, comenta Rafaella, acrescentando que o diagnóstico precoce é o ideal para tratar essa condição.

“O melhor exame [para detectar cardiopatias congênitas] é o ecocardiograma fetal, um ultrassom do coração do bebê ainda na barriga da mãe, que deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, que detectaria de forma mais precoce e acurada, a presença de uma cardiopatia grave que pode ter necessidade de cuidados neonatais especiais ou até intervenção logo após o nascimento”, descreve a médica.

Tal exame, observa, está previsto pela Lei Federal 14.598/2023 como um exame a ser realizado por todas as gestantes juntamente com pelo menos dois exames de ultrassonografia durante o primeiro quadrimestre de gestação.

Tratamento da cardiopatia congênita

O tratamento de cardiopatias congênitas pode variar de acordo com a condição apresentada pela criança. Entre as possibilidades estão intervenções no período fetal, uso de medicamentos, cirurgia cardíaca tradicional, cateterismo cardíaco e até cirurgia híbrida (cirurgia cardíaca junto com a equipe do cateterismo).

“A necessidade de intervenção vai variar de acordo com a gravidade da cardiopatia, risco de vida após pós-natal e a manifestação de sintomas que possam prejudicar o crescimento e desenvolvimento da criança”, comenta Rafaella.

A cardiologista infantil reforça a importância do diagnóstico precoce e de um acompanhamento adequado durante a gestação para garantir uma maior qualidade de vida para a criança com cardiopatia.

“A evolução dos equipamentos, das técnicas cirúrgicas e da assistência pós-operatória, junto ao aumento das UTIs de cuidado intensivo específico em cardiopediatria, tem aumentado a sobrevida dos pacientes mais graves, assim com a redução das complicações e sequelas associadas a tantas intervenções dos nossos pequenos guerreiros”, avalia.

Taise Silva com o filho Liam, de 10 meses / Foto: Arquivo pessoal

Testemunho do Liam

O pequeno Liam, hoje com 10 meses, nasceu com duas cardiopatias, conhecidas como CIA (comunicação interatrial – má formação na estrutura que divide o coração) e CIV (comunicação interventricular – cardiopatia que gera um fluxo indevido de sangue). Além disso, tinha mais de um canal arterial ligando a aorta ao pulmão.

A mamãe Taise Santos relata que só descobriram tais condições quatro dias após ela dar à luz seu filho, em agosto do ano passado. Ele não passou no “teste do coraçãozinho”, e uma cardiologista infantil foi chamada para realizar um ecocardiograma. Após o exame veio o diagnóstico, e o tratamento começou com a administração de medicamentos contínuos a partir da terceira semana de vida do Liam.

Em dezembro, constatou-se a necessidade de intervenção cirúrgica para corrigir a CIV. À época, o pequeno começou a apresentar insuficiência pulmonar. “Ficamos aflitos porque tínhamos esperança de fechar e não precisar operar”, conta Taise. A operação aconteceu em 20 março deste ano.

Ela explica que a cirurgia à qual Liam foi submetido é a mais simples. “Ele ficaria apenas uma semana no hospital, mas dependia só dele”, relata, “e assim foi: com muita oração, nos internamos em uma terça-feira e na outra quarta-feira saímos do hospital”.

“Hoje ele está super bem”

Segundo Taise, o sentimento de passar por tudo isso foi de medo, angústia e incapacidade. “Os dois primeiros dias foram muito tensos, mas, acima de tudo, tínhamos muita fé em Deus”, expressa. Após toda essa experiência, os médicos asseguraram que a operação foi bem sucedida.

Atualmente, a família do Liam espera para fazer o primeiro ecocardiograma e avaliar o resultado da cirurgia. O acompanhamento continua, mas a mãe afirma que seu filho está muito bem. “Sua respiração já não é mais cansada, consegue mamar leite na mamadeira direto, sem parar, o que ele não conseguia antes”, detalha, acrescentando que “ele ficou mais espoleta do que já era e mais risonho”.

Por fim, Taise deixa algumas dicas para os pais que têm seus filhos diagnosticados com cardiopatia congênita. Além de aconselhar a procurar um cardiologista de confiança e se preparar psicologicamente para amparar a criança doente, ela orienta a ter paciência e manter a fé em Deus. “Ele nunca nos desampara e sabe de todas as coisas”, conclui.

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FONTE: https://noticias.cancaonova.com/brasil/cardiopatia-congenita-doenca-atinge-um-a-cada-cem-nascidos-no-brasil/


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